Risco de repetição depois de uma primeira crise e implicações com a condução de veículos: análises subsequentes do Estudo Multicêntrico sobre Epilepsia Precoce e Crises Isoladas [MESS].
BMJ. 2010; 341: c6477
Para ler o original ver aqui: Risk of recurrence after a first seizure and implications for driving: further analysis of the Multicentre study of early Epilepsy and Single Seizures
L J Bonnett, statistical research assistant,1 C Tudur-Smith, senior lecturer in medical statistics,1 P R Williamson, director and professor of medical statistics,1 and A G Marson, professor of neurology2
1 Department of Biostatistics, University of Liverpool, 2 Clinical and Molecular Pharmacology, University of Liverpool
Corresponding author. Correspondence to: A G Marson A.G.Marson@liverpool.ac.uk
Resumo
Objectivo. Determinar qual o tempo que um condutor deve permanecer livre de crises após uma primeira crise não provocada para que o risco de repetição nos 12 meses seguintes seja menor do que 20%, capacitando-o para recuperar a sua carta de condução.
Desenho. Ensaio aleatorizado controlado: Estudo Multicêntrico sobre Epilepsia Precoce e Crises Isoladas (MESS).
Enquadramento. Consultas em ambulatório de hospitais do Reino Unido de 1 de Janeiro de 1993 a 31 de Dezembro de 2000.
Participantes. As pessoas entraram no MESS se tivessem tido uma ou mais crises não provocadas e se tanto elas como os seus médicos não estivessem seguros da necessidade de iniciar medicação antiepiléptica. O subgrupo de pessoas usado nesta análise é constituído por participantes de, pelo menos, 16 anos de idade com uma única crise espontânea.
Critério principal de avaliação. Risco de repetição de crises nos 12 meses seguintes a períodos de 6, 12, 18 ou 24 meses livres de crises desde a data da primeira (índex) crise. Foi usada análise de regressão para investigar até que ponto o tratamento antiepiléptico e diversos factores clínicos influenciaram o risco de repetição de crises.
Resultados. Seis meses depois da crise índex, o risco de repetição nos 12 meses seguintes para aqueles que iniciaram fármacos antiepilépticos situava-se significativamente abaixo dos 20% (risco não ajustado 14%, intervalo de confiança de 95%: entre 10% e 18%). Para doentes que não iniciaram tratamento, o risco calculado era menor do que 20% mas o limite superior do intervalo de confiança era superior a 20% (18%, 13% a 23%). A análise multivariada identificou subgrupos com risco de repetição de crises nos 12 meses seguintes a um período de 6 meses livres de crises significativamente superior a 20%, como foi o caso dos que tinham uma crise sintomática remota com anomalias no electroencefalograma.
Conclusão. Esta reanálise do MESS proporciona estimativas de risco de repetição de crises que certamente hão de influenciar as políticas e orientações relativas à recuperação da carta de condução após uma crise isolada não provocada. São necessárias outras orientações sobre como estes dados devem ser utilizados; em especial, se uma abordagem populacional deve ser centrada nos resultados não ajustados ou se devem ser feitas outras tentativas para individualizar riscos. São também exigíveis recomendações sobre se a atenção se deve centrar apenas nas estimativas de risco ou também no intervalo de confiança. Se o foco ficar apenas nas estimativas, os nossos cálculos não ajustados sugerem que doentes tratados e não tratados podem ser autorizados a conduzir após um período de seis meses livres de crises. Se tivermos em conta também os intervalos de confiança, torna-se necessária uma orientação sobre se se deve adoptar uma posição conservadora ou liberal.
(Tradução espontânea de R.A.)