CONVULSÃO FEBRIL

Epilepsia e a Convulsão Febril

 O que é uma convulsão febril?

É uma convulsão que surge na criança previamente saudável, entre os 6 meses e os 5 anos de idade, aquando da subida rápida da temperatura.

As convulsões febris estão relacionadas com fatores genéticos associados a uma imaturidade cerebral característica dos primeiros anos de vida. Estas crianças são mais sensíveis a temperaturas elevadas, situação que tende a desaparecer com a idade.

janeiro de 2021

Os sinais de uma convulsão febril podem incluir:

  • Movimentos repetitivos e involuntários dos braços e pernas
  • Rigidez do corpo
  • Olhos a rolar (revolução ocular)
  • Desmaio (perda de conhecimento)
  • Ausência de resposta aos estímulos externos (vozes ou ao tato)
  • Lábios roxos (cianose labial)

Como prevenir a convulsão febril?

NÃO EXISTE FORMA DE PREVENIR A PRIMEIRA CONVULSÃO FEBRIL.

A convulsão surge com a subida brusca da temperatura sem que os pais se apercebam, pois muitas vezes a criança não apresenta qualquer sinal de estar doente.

Nas crianças que já sofreram uma convulsão febril, os pais devem ser ensinados como lidar com a febre ou com a convulsão, caso esta ocorra.

Se a criança fizer temperatura subfebril (37º-37,5º) deve ser administrado logo o remédio para a febre, preferencialmente em xarope ou comprimido (se a criança não estiver a convulsivar), para deixar livre a via retal pois pode ser necessária para administrar o microclister (Stesolid®), para parar a convulsão.

Qual o tratamento da convulsão febril?

– Baixar a febre.

– Investigar e tratar o motivo que está a causar a febre, (o internamento hospitalar só se justifica para tratar a doença que causou a febre ou se for um primeiro episódio convulsivo).

– Em caso de convulsão, se esta durar menos de 3-5 minutos, não está indicado usar medicação, apenas as medidas para proteger a criança. Se a convulsão durar mais do que 3-5 minutos, deve aplicar Stesolid® retal prescrito pelo seu médico.

AS CONVULSÕES FEBRIS RARAMENTE SÃO PERIGOSAS.

Quando devo ir ao Hospital?

Na 1ª convulsão febril deve sempre dirigir-se a um serviço de urgência para uma avaliação da situação. Se não for a primeira convulsão, e se a criança estiver bem antes e depois da convulsão, já sabe que o importante é consultar o seu médico para investigar e tratar a doença que está a causar a febre.

No entanto existem SINAIS DE ALARME que vos devem levar sempre a um serviço de urgência:

  • Se a convulsão for prologada (mais de 15 minutos), com ou sem a aplicação do Stesolid®
  • Se os movimentos forem só de um lado, ou se, após a crise, a criança só mexer um lado.
  • Se a criança ficar muito prostrada, com gemido ou sonolência, que se mantém 1 hora após a crise.
  • Se a febre não baixar apesar das medidas tomadas (remédio para a febre e o arrefecimento da criança).
  • Se tiver mais que uma crise no mesmo dia.
  • Se a criança não recuperar a consciência entre 2 convulsões febris.

O que fazer se o seu filho tiver uma convulsão febril?

  1. Procure manter-se calmo.
  2. Coloque a criança de lado, sobre uma superfície plana (no chão ou na cama).
  3. Coloque algo mole sob cabeça da criança (casaco, almofada), para ela não se magoar.
  4. Previna traumatismos, retirando objetos que estejam por perto.
  5. Baixe a temperatura com supositório antipirético (ex: paracetamol).
  6. Retire parte da roupa para promover o arrefecimento natural da criança.
  7. Não tente imobilizar nem colocar nada na boca da criança.
  8. Se não for a primeira convulsão, e o seu médico lhe prescreveu Stesolid® retal, use-o para parar a convulsão.

A administração Stesolid® é via rectal e a dose depende do peso da criança: 2,5 mg (peso inferior a 5Kg); 5 mg (peso entre 5 a 10Kg) e 10 mg (peso superior a 20Kg).

  1. Observar a criança cuidadosamente de modo a poder descrever a crise: duração e características.
  2. Após a crise a criança fica sonolenta e confusa. Não a perturbe, fique a vigiá-la até que recupere totalmente.

Se a crise persistir após os 10 minutos administre uma segunda dose de Stesolid®.

O risco de ter outra convulsão é mais elevado em:

. Crianças com uma história de convulsões febris na família;
. Crianças que tiveram a primeira convulsão antes dos 12 meses de idade;
. Crianças com  dificuldades no seu desenvolvimento psicomotor.

Nenhum antiepilético tem eficácia na prevenção de convulsões febris (os potenciais efeitos secundários destes medicamentos podem ser piores que os eventuais benefícios).

Adaptado do folheto do Centro de Desenvolvimento da Criança do Hospital Pediátrico de Coimbra – Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra