7 de Dezembro 2020
As hormonas sexuais femininas podem ter impacto na minha epilepsia?
As principais hormonas naturais produzidas no organismo da mulher são o estrogénio e a progesterona, e os níveis destas variam ao longo do ciclo menstrual. Algumas mulheres têm crises epiléticas apenas ou mais frequentemente durante a menstruação.
Os fármacos antiepiléticos (FAE) têm influência na eficácia dos métodos contracetivos?
Os métodos contracetivos previnem uma gravidez não desejada ou planeada. Atualmente, temos à nossa disposição uma grande variedade de opções, que incluem métodos hormonais (como a pílula contracetiva) e métodos barreira (como o preservativo).
➜ Os níveis dos FAE no sangue podem aumentar ou diminuir, com aumento dos efeitos adversos ou diminuição da sua eficácia
➜ A eficácia da contraceção pode ser menor, levando a uma gravidez não planeada
➜ Não interagem com os FAE e a eficácia mantém-se
Nas mulheres com epilepsia em idade fértil, está recomendada a toma de ácido fólico.
Uma mulher que toma FAE deve fazer sempre planeamento familiar e consultar o seu médico acerca do melhor método contracetivo a escolher.
1. As crises epiléticas durante a gravidez têm riscos para mim ou para o feto?
As crises tónico-clónicas generalizadas estão associadas a riscos para o feto (ex: diminuição do sangue que vai para a placenta) e para a grávida (ex: quedas com traumatismos).
Os outros tipos de crises epiléticas associam-se provavelmente a menor risco, mas podem também associar-se a traumatismos, atraso do crescimento intra-uterino e parto prematuro.
2. Os FAE podem associar-se a malformações no feto?
O risco de malformações major (com riscos médicos como precisar de cirurgia ou colocar a vida em risco) na população em geral (considerando todos os bebés) é de 2-3%. Nas mulheres com epilepsia a tomar FAE o risco geral é de 5-6%. O risco depende do tipo de fármaco, da sua dose e se é utilizado em monoterapia (sem outros FAE) ou em duo/politerapia (com outros FAE).
3. A minha epilepsia vai piorar durante a gravidez?
A influência que as crises epiléticas e os FAE podem ter na gravidez é variável de mulher para mulher. A maioria das mulheres com epilepsia mantém o controlo das crises durante a gravidez.
O controlo da epilepsia antes da gravidez é o preditor mais importante para o controlo da epilepsia durante a gravidez. Não tomar os FAE ou alterações dos níveis dos FAE no sangue são causas importantes de crises durante a gravidez.
4. A epilepsia vai ter influência no parto?
O diagnóstico de epilepsia não influencia o tipo de parto (vaginal/cesariana). A decisão deve ser tomada em relação à parte obstétrica. É fundamental manter a toma de FAE durante o parto para evitar ter crises durante ou após o parto.
Posso amamentar?
A amamentação tem benefícios conhecidos na saúde neonatal a curto e longo prazo. Alguns FAE podem estar presentes no leite materno. No entanto, para muitos FAE, isso não significa que tal possa ter efeitos deletérios no bebé e, em geral, a amamentação deve ser encorajada.
Na menopausa/pós-menopausa, os níveis de estrogénio e progesterona modificam-se. Como um grupo, as mulheres pós-menopáusicas têm a mesma frequência e gravidade de crises epiléticas em relação às mulheres mais jovens. No entanto, a um nível individual (para cada pessoa), a evolução da epilepsia é difícil de prever.
Algumas mulheres com epilepsia cujas crises ocorrem na altura da menstruação podem ter mais crises no período peri-menopausa e menos crises na pós-menopausa.
A informações neste panfleto são informações gerais. Cada mulher é diferente e deve discutir as suas dúvidas com o seu neurologista e obstetra (quando aplicável).
Tomson T, Battino D, Bromley R, Kochen S, Meador K, Pennell P, Thomas SV. Management of epilepsy in pregnancy: a report from the International League Against Epilepsy Task Force on Women and Pregnancy. Epileptic Disord. 2019 Dec 1;21(6):497-517. doi: 10.1684/epd.2019.1105. PMID: 31782407.