O exercicio físico faz bem à epilepsia

Ann Indian Acad Neurol. 2012 Apr-Jun; 15(2): 167. doi: 10.4103/0972-2327.95009 PMCID: PMC3345602 Copyright : © Annals of Indian Academy of Neurology

Exercíco físico: candidato potencial a terapêutica complementar da epilepsia

(Physical exercise: Potential candidate as complementary therapy for epilepsy) 

Ricardo Mario Arida, Luiz Fernando Peixinho-Pena, Fulvio A. Scorza e Esper A. Cavalheiro

Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Säo Paulo/Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM), Säo Paulo, Brazil

Disciplina de Neurologia Experimental, Universidade Federal de Säo Paulo/Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM), Säo Paulo, Brazil

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Senhor Diretor,

Lemos com muito interesse o artigo de revisão intitulado Tratamento Não-farmacológico da Epilepsia, de Saxena e Nadkarni, que saiu nos Anais da Academia Indiana de Neurologia (Ann Indian Acad Neurol. [1]) Os autores demonstram com vários argumentos os benefícios do tratamento não-farmacológico da epilepsia. Em especial sublinham que as terapêuticas citadas no artigo não devem ser consideradas como alternativas à medicação antiepilética mas antes como terapêuticas complementares da epilepsia. Saudamos os autores por abordarem este tópico mas gostaríamos de acrescentar alguns pontos a esta revisão.

Um grande número de pessoas com epilepsia usa terapêuticas alternativas junto com a medicina tradicional. Embora a prática de Yoga também possa ser considerada como um exercício, outros programas de exercício físico (tais como resistência, força, equilíbrio e flexibilidade) têm um papel importante neste quadro. É interessante verificar que tanto as pessoas com epilepsia como os profissionais de saúde habitualmente não usam programas de exercício físico como terapêutica complementar (ver revisão de Arida et al. [2]). Confirmando este argumento, tem aumentado o número de relatos na literatura que apontam para o efeito positivo do exercício nas pessoas com epilepsia. Os estudos mostram globalmente que a atividade física pode diminuir a frequência de crises assim como melhorar a saúde cardiovascular e psicológica das pessoas com epilepsia [3-6]. O efeito benéfico do exercício em animais com epilepsia tem sido relatado, do ponto de vista experimental, pelo nosso grupo nas últimas décadas. Por exemplo, o exercício físico reduz o aparecimento de kindling da amígdala [7] e a frequência das crises no modelo de epilepsia provocada por pilocarpina [8]. Os estudos metabólicos, eletrofisiológicos e imuno-histoquímicos também demonstram efeitos encorajadores do exercício em ratinhos com epilepsia [9-11].

Considerando a influência do exercício físico na função cerebral e o impacto positivo no controlo das crises, parece razoável incluir programas de exercício como remédios alternativos ou complementares em epilepsia. Os epileptologistas devem ter em conta o uso terapêutico do exercício físico regular quando aconselham os seus doentes. Devem estimular os doentes a praticar regularmente atividades físicas não só para melhorar o controlo das crises como também para benefício geral da sua saúde. Gostaríamos, com todo o gosto, de felicitar os autores Saxena e Nadkarni [1] pelo seu interessante artigo e realçar o possível papel que o exercício como tratamento complementar não-farmacológico da epilepsia.

Tradução espontânea de RA.

Ver o texto original aqui.

Referências

1. Saxena VS, Nadkarni VV. Nonpharmacological treatment of epilepsy. Ann Indian Acad Neurol.2011;14:148–52. [PMC free article]  

2. Arida RM, Scorza FA, Gomes da Silva S, Schachter SC, Cavalheiro EA. The potential role of physical exercise in the treatment of epilepsy. Epilepsy Behav. 2010;17:432–5. [PubMed]  

3. Nakken KO, Bjorholt PG, Johannessen SI, Loyning T, Lind E. Effect of physical training on aerobic capacity, seizure occurrence, and serum level of antiepileptic drugs in adults with epilepsy. Epilepsia.1990;31:88–94. [PubMed]  

4. Nakken KO, Loyning A, Loyning T, Gløersen G, Larsson PG. Does physical exercise influence the occurrence of epileptiform EEG discharges in children? Epilepsia. 1997;38:279–84. [PubMed]  

5. Eriksen HR, Ellertsen B, Gronningsaeter H, Nakken KO, Løyning Y, Ursin H. Physical exercise in women with intractable epilepsy. Epilepsy. 1994;35:1256–64.

6. McAuley JW, Long L, Heise J, Kirby T, Buckworth J, Pitt C, et al. A Prospective Evaluation of the effects of a 12-week outpatient exercise program on clinical and behavioral outcomes in patients with epilepsy. Epilepsy Behav. 2001;2:592–600. [PubMed]  

7. Arida RM, de Jesus Vieira A, Cavalheiro EA. Effect of physical exercise on kindling development.Epilepsy Res. 1998;30:127–32. [PubMed]  

8. Arida RM, Scorza FA, dos Santos NF, Peres CA, Cavalheiro EA. Effect of physical exercise on seizure occurrence in a model of temporal lobe epilepsy in rats. Epilepsy Res. 1999;37:45–52.[PubMed]  

9. Arida RM, Fernandes MJ, Scorza FA, Preti SC, Cavalheiro EA. Physical training does not influence interictal LCMRglu in pilocarpine-treated rats with epilepsy. Physiol Behav. 2003;79:789–94.[PubMed]  

10. Arida RM, Sanabria ER, Silva AC, Faria LC, Scorza FA, Cavalheiro EA. Physical training reverts hippocampal electrophysiological changes in rats submitted to the pilocarpine model of epilepsy.Physiol Behav. 2004;83:165–71. [PubMed]  

11. Arida RM, Scorza CA, Scorza FA, Gomes da Silva S, da Graça Naffah-Mazzacoratti M, Cavalheiro EA. Effects of different types of physical exercise on the staining of parvalbumin-positive neurons in the hippocampal formation of rats with epilepsy. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry.2007;31:814–22. [PubMed